"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine." (I Coríntios 13:01)

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Banquinho Branquinho



Naquela esquina foi-se à tarde
Chega noite novamente
Num espetáculo do sol poente
Tantos Sóis se assentarão
Fez-se tenebroso o jardim no escuro
Apagam-se antulhos, gérbrias, rosas, lírios...
Sob as costas do assento de cimento frio
Tantas estórias contariam e contrariam
Era antes tão abrupto e único
Era assim, todinho feito à mão
Onde passaram vidas em vidas
Que se contam e se perdem no coração.
Sentaram-se no banquinho todo branquinho
Feito das madeiras, sobras do portão.
Onde se fez apoio nos primeiros passos sóbrios
Porvindouros sonhos esperançosos
Dos pequenos prósperos passos longos
Do apoio ao abraço d’outro lado.
Onde se fez alegrias sob brilho do astro rei
Fulgor gris dos cabelos de senhoras senis.
Onde se fez os sorrisos de meninas sem leis
Que deliram livres com suas bonecas de lírios.
Onde se fez a embriagues de ancião
Cantarolando hinos a lembrar
Com doses longas das caninhas a inebriar
E dos hinos os desatinos poesias a formar.
Onde se fez carícias escondidas
Beijos de tantos amados a compartilhar
O namorico dos jovens cheios de paixão
Que em juras, juram amor eterno, quanta ilusão.
Onde se fez estudo, do menino de futuro,
Que decora textos tão profundos
Resumidos na palma da mão.
Onde se fez cantinho pra despertar
Cafezinho com pão quente desjejuar
Vai aquecendo velhos ossos fadigados
No sol tímido, típico de inverno
Fome de noite longa a saciar
Onde se fez repouso dos tantos felinos
Pequenos bichos dos pelos tenros e compridos
Ronronam, enroscam nas pernas decrépitas,
Vão por debaixo das saias brincando de caçar
Pulam ágeis nos pardais famintos
Que devoram farelos do pão
Torrados com manteiga no fogão
Voam pardais...
Voam o tempo...
Voa a saudade do que não volta mais
Marcando minh’alma, era de meninice.
Que ficou naquele quintal tão longínquo
O banquinho ficou vazio, ficou mudo
Mudou tudo como tudo muda no mundo
E aquele banquinho tão branquinho
Perpetuou minha inspiração
Que jaz em minha imaginação

2 comentários:

  1. Maravilhoso, acho que nunca vi alguém retratar tão bem em versos, a saudade da infância...Que lindo!!! Continua escrevendo minha poetiza favorita!

    ResponderExcluir
  2. oh, obrigada meu amiigo!!! quisera eu ser assim como vc e suas belíssimas poesias q encantatam, emocionam e seduzem no Batedeira... Estou d volta no meu blog!!!! BeijOOoos jovem poeta!!!!

    ResponderExcluir